Ilustração em xilogravura colorida representando a força de setembro no Candomblé com elementos de Ibejis e Xangô.Setembro no Candomblé: tempo de celebrar os Ibejis com doçura e Xangô com justiça, em um axé que floresce com o tempo.

Setembro não é apenas o mês da primavera e da renovação da natureza. Para o Candomblé, é um período carregado de significado espiritual, celebrações vibrantes e profunda conexão com os orixás. É o momento em que o axé se movimenta com força, unindo a inocência das crianças e a firmeza da justiça. Nesse mês, destacam-se duas potências sagradas: os Ibejis e Xangô.


Por que setembro é especial no Candomblé?

No ritmo ancestral do Candomblé, o tempo não se mede apenas por calendários, mas por ciclos energéticos e espirituais. Setembro marca o encerramento de um ciclo e prepara a energia para os últimos grandes rituais do ano. É um mês de abertura espiritual, em que os terreiros se voltam às crianças, à doçura e também à justiça.

Nessa fase, florescem oferendas, cantigas e danças que mobilizam a comunidade e reforçam os laços com os orixás.


Ibejis: A força das crianças em setembro

Os Ibejis são os orixás gêmeos associados às crianças, à leveza e à pureza. Representam o príncipio da dualidade, do renascimento e da inocência. No Candomblé, são celebrados com grande alegria, muitas vezes no dia 27 de setembro, quando também se comemora Cosme e Damião no sincretismo católico.

Rituais comuns para os Ibejis em setembro:

  • Oferendas com doces, balas, pipoca, bolos e brinquedos.
  • Decorações com cores vibrantes como rosa, azul e amarelo.
  • Cantigas infantis, brincadeiras e danças lúdicas.
  • Distribuição de alimentos e presentes em escolas, praças e comunidades carentes.

Celebrar os Ibejis é reafirmar a importância da simplicidade e da alegria na espiritualidade.


Cosme e Damião: O sincretismo e a devoção

Os santos Cosme e Damião têm um papel simbólico muito forte no Brasil. No Candomblé, são associados diretamente aos Ibejis. Essa ponte entre religiões é um exemplo vivo do sincretismo, em que diferentes tradições se entrelaçam para manter viva a fé. Em muitos lugares do país, as festas para Cosme e Damião ganham dimensões populares, com distribuição massiva de doces e celebrações em bairros inteiros.

“Cosme e Damião não são apenas lembrados: são esperados com ansiedade e festejados com axé.”


Xangô em setembro: Justiça e transformação

Xangô, o rei da justiça, também recebe homenagens no mês de setembro. Senhor do fogo, dos trovões e da sabedoria, ele representa o poder de julgar e manter o equilíbrio espiritual e material. Em setembro, rituais para Xangô são realizados para fortalecer decisões, resolver conflitos e restaurar a ordem.

Rituais comuns para Xangô:

  • Oferendas com amalá (caruru), quiabo, azeite de dendê.
  • Velas vermelhas e brancas, panos, imagens e oxés (seu machado simbólico).
  • Orações fortes e cantigas como “Kaô Kabecilê!”
  • Rituais para causas judiciais e equilíbrio pessoal.

“Xangô castiga, mas ensina. Queima, mas ilumina. Seu machado não erra o alvo da verdade.”


Como os terreiros celebram o mês de setembro?

Além das festas internas, setembro costuma ser um mês de abertura comunitária. Muitos terreiros organizam distribuição de doces, almoços comunitários, visitas a creches e hospitais. O sentido de partilha e acolhimento está presente em cada ritual. O axé de setembro tem gosto de pipoca, som de tambor e perfume de dendê.


O que oferecer em setembro para os orixás?

As oferendas mais comuns incluem:

  • Para Ibejis: doces, brinquedos, guias coloridas, pipoca doce.
  • Para Xangô: quiabo cozido, amalá, velas vermelhas, frutas como banana-da-terra.

Essas oferendas são formas de manifestar respeito, gratidão e intenções. O mais importante é o gesto ser feito com verdade.


Sete perguntas frequentes sobre setembro no Candomblé

1. Quais orixás são celebrados em setembro?
Principalmente os Ibejis e Xangô.

2. Cosme e Damião têm ligação com quais orixás?
Com os Ibejis, gêmeos infantis do panteão afro-brasileiro.

3. Que tipo de comida se oferece para os Ibejis?
Doces, pipoca, balas, bolos simples.

4. E para Xangô?
Quiabo, amalá, banana-da-terra e bebidas como vinho tinto ou cerveja preta.

5. O que representa setembro no Candomblé?
Um tempo de alegria infantil e responsabilidade espiritual.

6. Os rituais são fechados ao público?
Alguns sim, mas muitos são comunitários e abertos.

7. Posso celebrar em casa?
Sim, com respeito e sinceridade. Acender velas, fazer orações e oferecer brinquedos é uma forma de se conectar.


Conclusão: setembro como ponte entre doçura e justiça

Setembro é um convite ao agora: à leveza das crianças e à seriedade das decisões. Ao olhar para Ibejis e Xangô, encontramos a beleza do Candomblé em sua totalidade. Que possamos acolher esse tempo com consciência, partilha e axé.


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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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