Iemanjá no Candomblé, mãe das águas, em xilogravura com cores lúdicas e elementos marinhos.Representação de Iemanjá no Candomblé com búzios, espelho e mar, em arte no estilo cordel.

Em cada onda que quebra, em cada rio que corre, há um sopro de Iemanjá no Candomblé. Ela é a senhora das águas, mãe dos orixás, protetora da maternidade e do equilíbrio emocional. Mas sua história vai além da imagem serena que o sincretismo popularizou: Iemanjá é força, transformação e sabedoria ancestral.

A origem de Iemanjá no candomblé e o nascimento das águas

A lenda conta que Iemanjá nasceu no Orun, o plano espiritual, filha de Olokun, o orixá do oceano profundo. Desde cedo, carregava em si a vastidão e o mistério das águas. Quando veio ao Aiyê, trouxe consigo o poder dos mares e dos rios, tornando-se fonte da fertilidade, das emoções e da vida.

Dela nasceram diversos orixás — Xangô, Ogum, Oxóssi, Iansã —, cada qual com sua missão. Iemanjá é o ventre sagrado de onde flui o axé que alimenta todos. Sua ligação com os rios e mares não é apenas simbólica: ela representa o ciclo da criação e o movimento eterno entre o espiritual e o terreno.

“Iemanjá chorou tanto ao ver seus filhos distantes, que suas lágrimas deram origem ao mar. Porque até a dor, quando nasce do amor, cria mundos.”

Iemanjá no Candomblé: o poder da água que acolhe e transforma

Iemanjá no Candomblé é cultuada como a mãe de todos, orixá das águas salgadas, mas também ligada aos rios caudalosos, especialmente antes de sua separação simbólica com Oxum, que hoje governa as águas doces. Seu nome pode ser traduzido como “mãe cujos filhos são peixes”, o que reforça sua conexão com a multiplicidade da vida.

Iemanjá no candomblé representa o acolhimento, o emocional, a intuição profunda. Ao mesmo tempo, ela é firme, exigente, e sabe cobrar quando algo sai do equilíbrio. Seus filhos costumam ser sensíveis, protetores, às vezes geniosos, mas sempre leais e dotados de grande coração.

Os símbolos e elementos de Iemanjá no Candomblé

Entre seus símbolos mais conhecidos estão:

  • O abebé (espelho): representa a vaidade sagrada e o reflexo da alma
  • A estrela do mar, búzios e conchas: conexão com a ancestralidade marinha
  • O pano azul e prateado: remetem à água e ao brilho da lua
  • Perfumes, flores e velas: oferendas comuns em seus rituais

Suas cores são o azul-claro, prata e branco, e suas comidas rituais variam conforme a nação, mas frequentemente incluem arroz de hauçá, peixe e acaçá branco.

Quando e como cultuar Iemanjá?

O dia mais tradicional de culto a Iemanjá no Brasil é 2 de fevereiro, com destaque para os festejos em Salvador (BA) e no Rio Grande do Sul. No entanto, no Candomblé, sábado é o dia da semana dedicado a ela.

As oferendas são feitas com muito respeito, com flores, perfumes, espelhos, velas e comidas específicas — sempre com orientação do zelador ou zeladora. A entrega deve ser feita com canto, oração e silêncio interior. A fé em Iemanjá é um mergulho: quanto mais profundo, mais transformador.

A lenda das lágrimas de Iemanjá no candomblé

Uma das histórias mais contadas é a que explica o surgimento do mar: ao ver seus filhos se afastarem, Iemanjá chorou tanto que suas lágrimas formaram o oceano. Essa lenda reforça seu arquétipo de mãe que acolhe, sente e transforma a dor em força.

Não há fraqueza em Iemanjá. Há sensibilidade. E é por isso que tantas pessoas recorrem a ela em momentos de perda, desequilíbrio ou recomeço. Ela é colo, é coragem, é ciclo.

Conclusão: ouvir o chamado das águas

Cultuar Iemanjá é lembrar que toda vida começa na água — e é para ela que sempre voltamos em busca de paz. No Candomblé, a fé é molhada, sentida, profunda. Ao colocar os pés no mar e fazer um pedido sincero, abrimos caminho para que o axé flua.

Se hoje o mundo parece seco, pesado ou sem direção, talvez seja hora de voltar ao ventre. Iemanjá continua a cantar. Basta silenciar para ouvir o seu chamado.


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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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