Deusa dos ventos em cada sopro do vento, em cada trovão que rasga os céus, está a presença de Iansã — a senhora dos ventos, dos raios e das transformações. Filha do Candomblé e força da natureza, ela é aquela que gira, dança e carrega em si o poder de mudar destinos.
Deusa dos ventos: O Vento que Carrega a Coragem
Iansã, também chamada de Oyá, não é brisa leve. Ela é o redemoinho que arrasta o que já não serve, o furacão que liberta o que está preso. Seu nome ecoa com força entre os terreiros e os corações que buscam coragem. Dizem que, quando ela chega, nada fica no lugar — mas tudo encontra seu verdadeiro lugar.
No Candomblé, Deusa dos Ventos é orixá ligada ao ar, às tempestades, à eletricidade e aos ancestrais. Comanda os espíritos dos mortos — os eguns — e por isso é reverenciada com profundo respeito e cuidado. É guerreira, é amante, é senhora de si.
Orixá dos Raios e das Batalhas
A deusa dos ventos luta ao lado de Xangô e compartilha com ele a fúria dos trovões. Mas sua força não vem apenas do combate. Ela é também a energia da transformação. O que ela toca, muda. O que ela sopra, renasce. Nas cerimônias, seus filhos e filhas dançam como o vento: ora suaves, ora velozes, ora intensos como tempestade.
Conta-se nos itans que Iansã conquistou os segredos do mundo dos mortos com astúcia e coragem. Foi ela quem enfrentou o desconhecido para dominar os eguns, tornando-se guardiã das almas que partiram. E mesmo ao lado de Xangô, jamais deixou de ser senhora do seu próprio destino.
“Iansã desceu ao mundo dos eguns. Não teve medo, não hesitou. Ao voltar, trouxe os ventos que anunciam mudança. Onde ela passa, o passado não tem vez.”
Uma Força Feminina sem Trégua
Em um mundo que tenta calar as vozes femininas, a Deusa dos ventos grita. Em um tempo que exige resignação, ela exige coragem. Sua dança não é de enfeite — é um ato de resistência. Suas roupas esvoaçantes não são vaidade — são símbolo de poder. O seu vermelho não é apenas cor — é sangue, vida, paixão.
Iansã é símbolo de força, mas também de emoção. Quem a carrega sente intensamente. Ama com profundidade. Briga por justiça. Não aceita o que aprisiona. Sua presença nos terreiros é arrebatadora, mas seu axé vai além do chão batido das casas de santo. Está na mulher que enfrenta o dia. No homem que se transforma. No filho que reencontra o caminho. No idoso que recomeça.
Itans e Sabedoria de Oyá
Diz-se que Iansã era companheira de Ogum antes de se unir a Xangô. Com Ogum, aprendeu o segredo das armas. Com Xangô, conheceu o amor ardente. Mas foi sozinha que conquistou o domínio sobre os espíritos. Seu itan com os eguns revela não só sua bravura, mas também seu papel como ponte entre mundos.
Outro itan poderoso diz que Iansã pediu a Exu o segredo dos ventos. Em troca, ofereceu-lhe um acarajé feito por suas próprias mãos. Exu sorriu e entregou-lhe a palavra sagrada que abre os caminhos do ar. Desde então, onde há vendaval, há também sua presença.
“Com os ventos, ela anuncia. Com os raios, ela purifica. Com a dança, ela guia.”
Simbologia da deusa dos ventos
- Cores: vermelho, vinho, coral
- Símbolos: espadas, raio, irukerê (rabo de boi)
- Animais: búfalo, borboleta vermelha
- Ervas: espada-de-são-jorge, alfazema, picão
- Comidas: acarajé, amalá, bife acebolado
- Dia: quarta-feira
- Saudação: Epa Hei!
A borboleta vermelha representa sua liberdade, o raio sua força. O acarajé é o alimento sagrado que simboliza sua ligação com o fogo e com a ancestralidade feminina. Iansã não aceita oferendas sem intenção — tudo com ela exige verdade.
Onde é Cultuada a deusa dos ventos
Iansã é cultuada em todo o Brasil, com destaque nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Em muitas casas de Candomblé, é celebrada com danças, cantigas e toques de atabaque que ecoam como trovão. No sincretismo, é associada a Santa Bárbara, a santa dos raios e dos corajosos.
No Jeje, suas qualidades se misturam com divindades ligadas ao vento e à guerra ancestral. Cada nação traz uma nuance do seu poder — mas todas concordam: onde Iansã passa, o mundo se move.
Quando Iansã Chega…
Iansã não pede licença. Ela entra, gira, sopra, transforma. Seu axé é impulso, é coragem, é fogo que não destrói — purifica. Ensina a não temer mudanças, a atravessar dores com altivez, a não deixar que o passado defina o futuro.
Seu exemplo é um convite à ação. É por isso que, quando sentimos medo, insegurança ou estagnação, basta chamar por Oyá. Basta lembrar que ela venceu a morte. Que ela ama sem limites. Que ela existe para lembrar que viver é não parar.
“Se o vento soprar forte, não lute contra ele. Dance com Iansã.”
📖 Curiosidade de Enredo: Iansã e a Tempestade Rosa da Mangueira (2016)
No desfile de 2016, a Estação Primeira de Mangueira trouxe o enredo “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá”. O carro de Iansã veio como uma tempestade dançante, coroando o momento mais místico do desfile.
Ao som do samba e do canto que dizia “É Oyá quem sopra o vento”, uma figura feminina, com roupas esvoaçantes em tons de vinho e coral, girava no topo da alegoria com os braços erguidos. As fitas giravam, os ventos sopravam, o povo aclamava. Foi mais que uma homenagem — foi uma incorporação coletiva da deusa dos ventos.
Dizem que ali, no meio da Sapucaí, muitos sentiram calafrios. Outros choraram. Alguns dançaram sem saber por quê. Era Iansã. Era ela soprando mudanças.
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🌍 Fontes externas confiáveis sobre Iansã
- Iansã – Wikipedia
- Iansã no Significados.com.br
- Iansã no site Ocandomble.com
- Iansã: Quem é a Deusa dos Ventos – Instagram.com/oxumeyewa
Fontes externas confiáveis:
- Wikipedia: Iansã“>Ianshttps://www.significados.com.br/iansa/
- https://ocandomble.com/os-orixas/iansa/
❓ FAQ sobre Iansã
1. Iansã é a mesma entidade que Santa Bárbara?
No sincretismo religioso brasileiro, especialmente no Candomblé e na Umbanda, Iansã é associada a Santa Bárbara, por ambas estarem ligadas aos raios e à coragem. Mas espiritualmente, são divindades distintas com origens diferentes.
2. Por que Iansã é chamada de Deusa dos Ventos?
Porque domina o elemento ar, é dona dos ventos, redemoinhos e tempestades. No Candomblé, ela é a força que transforma, espalha e renova com o sopro dos orixás.
3. Qual é a oferenda mais comum para Deusa dos Ventos?
O acarajé é a oferenda mais tradicional, além do amalá e comidas apimentadas. As oferendas são feitas com profundo respeito e intenção espiritual.
4. O que significa o irukerê da deusa dos ventos?
O irukerê (rabo de boi) é o símbolo de poder de Iansã, usado para afastar eguns e purificar os caminhos com o vento sagrado.
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Epa hei, Oyá!
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