Atabaque no Candomblé, tambor sagrado usado em rituais com couro natural e toques ancestraisAtabaque no Candomblé: tambor sagrado que conecta o toque dos ogãs ao axé dos orixás.

O atabaque no Candomblé é muito mais que um instrumento musical. Ele é o tambor que fala com os orixás, ecoando tradições ancestrais que atravessaram o Atlântico com os povos africanos. Cada toque ressoa como uma prece, um chamado espiritual que desperta o axé dos terreiros.


🥁 O que é o atabaque?

O atabaque é um tambor vertical feito com madeira nobre e couro tensionado, geralmente de boi ou cabra. Sua forma e construção seguem tradições africanas e seu uso é central nos rituais do Candomblé e da Umbanda.

Existem três tipos principais de atabaque no Candomblé, cada um com uma função específica:

  • Rum – o maior tambor, comanda os toques e conduz a comunicação com os orixás.
  • Rumpi – de tamanho intermediário, acompanha e sustenta o ritmo do Rum.
  • – o menor tambor, mantém o compasso e reforça o tempo.

Esses três instrumentos formam uma tríade percussiva poderosa. Quando tocados com fundamento, eles invocam, saúdam e mantêm viva a conexão entre o mundo espiritual e o mundo dos vivos.


🌍 Origem do atabaque no Candomblé

Os atabaques têm origem nas regiões do Golfo do Benim, especialmente entre os povos iorubás e jejes da África Ocidental. No Brasil, tornaram-se símbolo da resistência cultural e religiosa dos negros escravizados, sendo fundamentais nos rituais afro-brasileiros até os dias de hoje.

No Candomblé, os atabaques não são apenas tocados — eles são consagrados. Passam por rituais de batismo e recebem axé, sendo tratados como entidades vivas dentro do terreiro.


🔔 Função espiritual no Candomblé

Cada toque de atabaque no candomblé possui um propósito: chamar os orixás, marcar os passos das danças, conduzir o transe, saudar as divindades e proteger o espaço sagrado.

Exemplos de toques sagrados:

  • Agueré – toque de Xangô
  • Ijexá – usado para Oxum e Iemanjá
  • Alujá – toque vibrante de Ogum
  • Opanijé – associado a Omolu

Os ogãs, sacerdotes responsáveis pelos toques, são iniciados nessa linguagem ancestral. Tocam com técnica, fé e respeito, sempre em sintonia com os fundamentos do axé.

“Não é apenas o couro que vibra, é o orixá que responde.”


🧪 Materiais e construção

Os atabaques são construídos de forma artesanal. Os principais materiais utilizados são:

  • Madeira nobre (como jacarandá, cedro ou vinhático)
  • Couro de boi ou de cabra (para a pele superior)
  • Cordas ou aros de ferro (para afinação)

Alguns atabaques são fixos e outros móveis. Há ainda modelos modernos com afinação mecânica, mas nos terreiros tradicionais o toque é artesanal, ajustado na palma da mão e no calor do fogo.


⛔ Quem pode tocar o atabaque no candomblé?

No Candomblé, apenas os ogãs de atabaque — também chamados de alabês — podem tocar os tambores sagrados. Essa função exige iniciação, disciplina e dedicação. O toque de atabaque não é improviso: é conhecimento transmitido oralmente, com base no respeito ao orixá e à tradição.

A função do ogã vai além da música: ele zela pelo axé do terreiro, sabe os toques de cada orixá e entende o poder de cada vibração.


🌿 Preparação com ervas e cuidados rituais

Os atabaques são periodicamente purificados com banhos de ervas e defumações. O uso de alecrim, por exemplo, ajuda a fortalecer e equilibrar as energias do espaço ritualístico.

Leia também: Defumação com Alecrim: Purificação e Proteção Espiritual


❓ Perguntas Frequentes sobre Atabaque

1. Qual é a diferença entre os três tipos de atabaque no Candomblé?
O Rum é o tambor principal e comanda os toques. O Rumpi acompanha o ritmo e sustenta a melodia. O Lê reforça o compasso, mantendo o equilíbrio rítmico da cerimônia.

2. Por que o atabaque é considerado sagrado no Candomblé?
Porque ele não é apenas um instrumento musical, mas uma entidade consagrada, que participa dos rituais como canal de comunicação com os orixás.

3. Qual material é usado para fazer um atabaque?
Madeiras nobres (como jacarandá ou cedro) e couro de boi ou de cabra, além de cordas ou aros metálicos para afinação.

4. Qual orixá está relacionado ao atabaque?
O toque do atabaque pode invocar qualquer orixá, dependendo do ritmo e da intenção. Porém, Ogum e Xangô costumam estar fortemente ligados aos toques de guerra e justiça.

5. Posso tocar o atabaque sem ser iniciado?
Nos terreiros tradicionais, apenas ogãs iniciados — também chamados de alabês — podem tocar o atabaque em rituais. Fora desse contexto, pode-se tocar como estudo, mas sempre com respeito.


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Que o toque do tambor abra seus caminhos com axé e sabedoria.

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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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