Ilustração horizontal estilo cordel, com cores vivas, representando a planta bardana em contexto ritualístico no Candomblé, com folhas amplas, raízes expostas e elementos de cura ligados a Obaluayê.Bardana no Candomblé: raiz de limpeza, cura e força ancestral ligada a Obaluayê.

A bardana é uma planta poderosa e amplamente utilizada nos rituais afro-brasileiros, tanto no Candomblé quanto na Umbanda. Seu uso vai além do medicinal: ela é símbolo de limpeza espiritual, descarrego e renovação energética. Neste artigo, vamos explicar os significados, usos e cuidados com essa erva sagrada — respeitando as tradições do Candomblé e esclarecendo como sua presença é percebida na Umbanda.


🌿 O Que é Bardana?

A bardana (Arctium lappa) é uma planta medicinal conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias, diuréticas e depurativas. No campo espiritual, é usada em banhos, defumações e ebós com o objetivo de:

  • Limpar o corpo espiritual (ori)
  • Eliminar energias negativas
  • Auxiliar na proteção contra demandas e ataques espirituais
  • Acalmar o campo emocional

✨ Bardana no Candomblé

No Candomblé, o uso da bardana está associado à limpeza profunda do corpo espiritual, principalmente em banhos de descarrego. Embora não esteja entre as folhas consagradas a um orixá específico, ela é utilizada sob orientação dos mais velhos ou dos zeladores de santo quando se percebe um acúmulo de energia negativa, cansaço excessivo ou perturbações emocionais.

📌 Usos mais comuns no Candomblé:

  • Banhos com folhas maceradas, especialmente antes de rituais
  • Preparo de águas de limpeza para uso em obrigações
  • Em algumas casas, pode ser combinada com folhas de mamona, boldo, comigo-ninguém-pode, abre-caminho (sempre com orientação!)

A bardana representa o descarrego sem violência: uma limpeza firme, mas acolhedora. Seu axé está ligado à terra, à resistência e à capacidade de purificar sem agredir.


🌬️ E na Umbanda, Para Que Serve a Bardana?

Na Umbanda, a bardana também é conhecida como uma folha de descarrego e quebra de demandas. Muitos guias a recomendam em banhos, especialmente quando a pessoa enfrenta:

  • Sintomas de inveja, olho gordo ou mal-estar espiritual
  • Fadiga espiritual, desânimo e sensação de “peso no corpo”
  • Processos de mediunidade descompensada

Na tradição umbandista, a bardana pode ser indicada por pretos-velhos, caboclos ou exus, geralmente combinada com outras ervas como arruda, guiné, alfazema ou levante.


🙏 Similaridades e Diferenças nas Duas Tradições

AspectoCandombléUmbanda
Uso principalLimpeza espiritual antes de rituaisDescarrego e quebra de demanda
Ligação com orixásNão consagrada, mas usada com axéAssociada a entidades de luz
Preparação comumBanhos, águas de limpezaBanhos com rezas e orientações dos guias
EnsinamentoSegue fundamentos tradicionaisIntuição e mensagem dos guias

🌱 Como Fazer Banho de Bardana com Respeito

Mesmo sendo uma planta de fácil acesso, o uso ritual da bardana deve seguir respeito e intenção correta. No Candomblé, é comum pedir licença à natureza ao colher uma folha. Na Umbanda, o banho costuma vir acompanhado de uma reza ou orientação espiritual.

Exemplo simples de preparo:

  1. Ferva 1 litro de água e desligue o fogo
  2. Coloque as folhas de bardana e deixe em infusão por 15 minutos
  3. Coe e, após seu banho higiênico, derrame do pescoço para baixo
  4. Seque-se naturalmente e evite discussões ou ambientes pesados após o ritual

⚠️ Importante: sempre procure orientação espiritual de confiança antes de usar qualquer erva, especialmente se estiver em desenvolvimento mediúnico ou em processo de iniciação.


🌍 Conclusão: Um Elo entre Saberes

A bardana, com sua força simples e direta, nos ensina que o axé pode estar nas coisas mais humildes da natureza. Seja no Candomblé ou na Umbanda, essa erva é um instrumento de cura, limpeza e reequilíbrio espiritual.

Respeitar os caminhos de cada tradição é também reconhecer que, mesmo com diferentes fundamentos, ambas caminham em direção à luz, ao equilíbrio e à ancestralidade. A bardana é mais do que uma planta — é um canal de reconexão com o divino.


📚 Continue sua leitura:

🔗 Referência externa útil: Plantas medicinais no SUS – Ministério da Saúde


FAQ – Perguntas Frequentes sobre a Bardana no Candomblé

A bardana é uma planta cheia de camadas espirituais e medicinais, o que desperta muitas dúvidas entre praticantes e simpatizantes do Candomblé.

Uma das perguntas mais comuns é: “Posso usar bardana em banhos mesmo sendo uma planta europeia?”

— e a resposta é sim, desde que com orientação adequada. Apesar de sua origem fora do continente africano, a bardana é uma das muitas plantas incorporadas às práticas afro-brasileiras por sua eficácia espiritual e energética.

Outra dúvida recorrente é sobre sua associação com orixás: em muitos terreiros, a bardana é relacionada a Obaluayê, pela sua força de cura e limpeza profunda, sendo usada em banhos de descarrego e emplastros.

Também é comum perguntarem se a bardana pode ser usada em chá ou infusão medicinal

— e, nesse caso, sim: suas raízes são reconhecidas por suas propriedades anti-inflamatórias e depurativas, inclusive em pesquisas científicas.

Por fim, uma questão muito relevante é se a bardana pode ser cultivada em casa: sim, desde que em solo fértil, sob meia sombra, e com respeito às práticas tradicionais

— especialmente se for destinada a fins ritualísticos.


🌿 Curiosidade: A Bardana que Virou Oração de Cura

Na tradição oral de algumas casas de axé do sudeste brasileiro, há um dito curioso: “Quem planta bardana planta proteção”. Conta-se que, durante um ritual de limpeza feito com raízes de bardana, um iyawo em recolhimento teve uma visão onde via as raízes penetrarem a terra e expulsarem uma fumaça escura — como se fossem serpentes negras se dissipando. Desde então, naquela casa, ela passou a ser usada não apenas como erva, mas como oração viva de Obaluayê, repetida em silêncio quando se prepara o banho ou a infusão. A planta, que veio de longe, foi adotada com tanto respeito que passou a carregar o axé de cura, silêncio e transformação. É mais do que uma raiz: é um gesto ancestral.


🔗 Links externos confiáveis


📣 Chamada para ação

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Se quiser conhecer mais sobre outras folhas poderosas do axé, navegue pela seção Plantas e Espiritualidade e aprofunde sua conexão com a natureza que cura e protege.
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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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