Bantos no Candomblé: Herança Africana que Moldou a Alma do Brasil

outubro 11, 2024 | by Carlos Duarte Junior

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Quando falamos das raízes do Candomblé, é impossível não reconhecer a importância dos povos bantos. Muito antes da palavra “Brasil” existir, esses povos já carregavam saberes, espiritualidades e culturas que hoje seguem vivas nos terreiros espalhados por todo o país.

Mas afinal, quem são os bantos? Como sua presença influenciou o Candomblé? E por que precisamos valorizar essa história que foi, por muito tempo, silenciada?

Table of Contents

Quem são os povos bantos?

O termo “banto” não se refere a um único povo, mas sim a um conjunto de etnias africanas que compartilham raízes linguísticas e culturais. Estão espalhados em países como Angola, Congo, Moçambique, Zâmbia e outras regiões do centro e sul da África. A palavra “bantu” significa “pessoas” em diversas línguas dessas regiões.

Durante os séculos da escravidão, foram os povos bantos que chegaram em maior número ao Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XVIII, sendo destinados principalmente aos engenhos da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais.

A Espiritualidade Banto e o Candomblé de Angola

A espiritualidade banto é marcada por uma relação profunda com a natureza, com os ancestrais e com o ciclo da vida. No Brasil, essa tradição se manifestou de forma adaptada, especialmente no Candomblé de Angola e no Candomblé Congo, que incorporam elementos das cosmologias bantas em seus ritos, cantos e fundamentos.

Entre as divindades mais cultuadas nas casas de nação Angola estão Nkosi, Nzazi, Ndandalunda, Kavungo, entre outros. Diferente dos orixás yorubás, os inquices (ou mukixi) representam forças naturais e espirituais que se relacionam com os elementos da terra, água, fogo e ar de maneira distinta.

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Elementos culturais bantos no Brasil

A herança dos bantos não está apenas nos rituais religiosos. Ela se expressa na língua, na música, na culinária, nas festas e até mesmo nas expressões populares.

Exemplos dessa influência:

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Palavras como “moleque”, “cafuné”, “fuxico”, “quitanda” vêm de línguas bantas.
A capoeira, o samba de roda, o jongo e o coco têm origens diretas em práticas culturais dos bantos.
A culinária afro-brasileira, com pratos como o angu e o feijão de azeite, guarda raízes bantas.

O silenciamento da matriz banto

Infelizmente, por muito tempo o Candomblé de Angola e demais expressões bantas foram desvalorizadas diante da hegemonia dos cultos nagôs. Isso se deu, em parte, pela maior sistematização dos mitos yorubás e pelo preconceito linguístico e social contra o que era visto como “menos organizado”.

Essa hierarquização é fruto do racismo estrutural e da lógica colonial que ainda tenta apagar a pluralidade das tradições africanas no Brasil. É urgente valorizar, estudar e preservar os fundamentos bantos.

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Curiosidades sobre os bantos no Candomblé

Muitos cânticos bantos não têm tradução direta, pois são resquícios de línguas africanas preservadas oralmente nos terreiros.
A iniciação banto costuma incluir elementos simbólicos diferentes, como o uso de elementos ligados à natureza (folhas específicas, pedras, etc.).
Os rituais têm forte relação com os ciclos da vida e da ancestralidade – nascimento, morte e renascimento são temas centrais.
O uso do nganga (sacerdote ou guia espiritual) é comum na tradição bantu.

Itan comparativo

“Diz-se que quando o mundo ainda era silêncio, os primeiros tambores que falaram vieram do coração dos povos bantos. Foi o som da resistência, da saudade e da memória, que atravessou o oceano e ainda ecoa nas palmas dos toques sagrados.”

Leitura recomendada

📘 Livro: “O Candomblé da Barroquinha” – Renato da Silveira
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Esse livro é fundamental para entender como o Candomblé de Angola se formou, com base na presença banto no Recôncavo Baiano.

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🌍 Parágrafo com links externos aprovados

Para quem deseja se aprofundar no estudo dos povos bantos e suas influências no Brasil, recomendamos:

Wikipedia – Povos Bantu
Museu Afro Brasil – Cultura Bantu
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
Esses conteúdos oferecem uma visão mais ampla sobre a riqueza dessa matriz e sua presença no país.

❓ FAQ – Perguntas frequentes

O que significa banto?
“Banto” vem da palavra africana que significa “pessoa” ou “gente”. Refere-se a uma grande família de etnias e línguas africanas.

Qual a diferença entre orixás e inquices?
Orixás vêm da tradição yorubá, enquanto inquices são divindades da tradição banto (especialmente Angola e Congo). Ambos representam forças da natureza e têm rituais distintos.

O Candomblé de Angola é menos importante que o de Ketu?
De forma alguma. Ambos têm igual valor espiritual e cultural. O Candomblé de Angola representa uma das raízes mais profundas do povo brasileiro.

Bantos têm ligação com a Umbanda?
Sim. Muitas linhas de Umbanda incorporam elementos da tradição banto, especialmente no uso dos pontos cantados e dos caboclos com fundamentos de Angola.

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