Mães das Águas — Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida sobre ondas e búzios, símbolo de fé e sincretismo afro-brasileiroAs Mães das Águas — o encontro entre Nazaré e Aparecida, entre o rio e o mar, entre o amor e o axé.

🌿 Introdução

O Brasil tem duas mães das águas:
Nossa Senhora de Nazaré, a que veio do mar,
e Nossa Senhora Aparecida, a que emergiu do rio.

📅 Datas comemorativas das mães das águas

8 de setembro — Dia de Nossa Senhora de Nazaré
12 de outubro — Dia de Nossa Senhora Aparecida

Uma desembarcou nas margens do Pará, acolhida pelo povo ribeirinho;
a outra foi pescada no Vale do Paraíba, entre redes e milagres.
Ambas trazem nos olhos o reflexo do amor maternal e nas mãos o mesmo gesto — o de quem abençoa e consola.

São duas faces de uma só presença: a Mãe do Brasil.
Entre rosários e atabaques, o país aprende que fé e axé podem caminhar juntas, costuradas na mesma corrente de luz.


Nossa Senhora de Nazaré: a mãe do Círio e do povo das águas

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré nasceu em Portugal, no século XII, e chegou ao Brasil com os colonizadores.
Mas foi em Belém do Pará que ela se fez verdadeiramente brasileira.

Segundo a tradição, a imagem foi encontrada às margens do igarapé Murucutu, por um caboclo chamado Plácido José de Souza.
Ele a levou para casa, mas a imagem desaparecia misteriosamente, voltando sempre ao lugar onde fora achada.
Ali ergueu-se uma capela — e, mais tarde, a grandiosa Basílica de Nazaré, centro do maior evento religioso do país: o Círio de Nazaré.

Hoje, milhões de pessoas seguem o Círio, carregando promessas, velas e flores.
É uma romaria de fé e resistência, onde o povo reza, canta e dança, unindo catolicismo popular e ancestralidade africana.


💙 Nossa Senhora Aparecida: a mãe negra que emergiu das águas

Cerca de 600 anos depois da origem portuguesa da devoção a Nazaré, um novo milagre se manifestou nas águas do Rio Paraíba do Sul.
Três pescadores encontraram primeiro o corpo e depois a cabeça de uma pequena imagem de Nossa Senhora — negra, coberta de limo e barro.

Era Nossa Senhora Aparecida, a mãe do povo pobre, dos trabalhadores e dos que buscam esperança no impossível.
Aparecida não desceu dos céus — ela emergiu das águas, como um espelho da fé popular e da ancestralidade africana.


🌺 O elo espiritual entre Nazaré, Aparecida e os Orixás

Nas tradições afro-brasileiras, tanto Nossa Senhora de Nazaré quanto Nossa Senhora Aparecida são sincretizadas com Oxum — a orixá do amor, da fertilidade e das águas doces.
Em algumas regiões, especialmente no Norte e Nordeste, Nazaré também é associada a Iemanjá, mãe das águas salgadas, guardiã do lar e dos caminhos do mar.

Essas correspondências espirituais não são substituições, mas diálogos sagrados:
Maria e as orixás se reconhecem no cuidado, na maternidade e na doçura.
Ambas são mães que acolhem e curam, que choram pelos filhos e os guiam pelo caminho da fé.

“Toda lágrima de Oxum é uma prece,
e todo milagre de Maria é um cântico das águas.”


🌾 Itan simbólico: A Lágrima Dourada (mães das águas)

Conta um itan que Oxum chorou tanto ao ver o sofrimento dos homens que suas lágrimas se transformaram em rios.
Quando as águas tocaram o chão, o orixá supremo, Olodumarê, enviou uma mulher vestida de azul para recolher essas lágrimas e devolvê-las à luz.
Essa mulher tornou-se a mãe das águas — aquela que consola o mundo.

No tempo dos homens, ela ganhou nomes diferentes: Maria, Iemanjá, Oxum.
Mas seu coração permaneceu o mesmo — feito de amor, lágrima e espelho.


🕯️ Rituais e devoções populares das mães das águas

Durante o Círio de Nazaré, o povo oferece flores, velas e promessas;
durante a festa de Nossa Senhora Aparecida, oferecem-se velas, fitas e rezas à beira dos rios.

Nos terreiros, muitos filhos de fé também acendem velas amarelas e brancas em homenagem a Oxum e Iemanjá, pedindo bênçãos às mães d’água.
São celebrações que unem fé, cultura e ancestralidade, reafirmando o poder do feminino sagrado.


📚 Você sabia? Mães das águas

  • O Círio de Nazaré é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
  • Nossa Senhora Aparecida é Padroeira do Brasil desde 1930, declarada pelo Papa Pio XI.
  • Ambas têm imagens negras em muitas representações, símbolo de resistência e identificação do povo afrodescendente.

FAQ — Perguntas Frequentes mães das águas

1. Qual a diferença entre Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida?
São duas devoções distintas de Maria, mas ambas representam o amor materno de Deus e a presença divina nas águas.

2. Por que são associadas a Oxum e Iemanjá?
Porque compartilham atributos como a maternidade, a fertilidade e o domínio sobre as águas, símbolos de vida e pureza.

3. Qual é o significado do Círio de Nazaré?
É uma procissão de fé e gratidão, onde o povo acompanha a imagem de Nossa Senhora pelas ruas de Belém, celebrando o amor e a proteção da Mãe.

4. Por que Nossa Senhora Aparecida é negra?
A cor da imagem reflete o barro do rio, mas também simboliza o povo brasileiro — diverso, mestiço e resiliente.

5. Posso fazer oferendas às duas?
Sim. Velas brancas, flores e orações com gratidão são formas de homenagear as duas manifestações do amor materno divino.


🔗 Leituras e referências recomendadas mães das águas

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Fontes externas:


📣 Chamada para Ação (CTA) mães das águas

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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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