Ilustração estilo cordel com cores vibrantes representando os povos Minas no contexto do Candomblé e da cultura afro-brasileira.Arte em xilogravura digital retratando a influência dos povos Minas e seus voduns na formação do Candomblé Jeje no Brasil.

✨ Introdução

Os povos Minas, originários da região entre Gana, Togo e Benim, foram um dos grupos africanos mais influentes na formação espiritual e cultural do Brasil. Trazidos à força pelo tráfico atlântico de escravizados, os Minas trouxeram com eles saberes sagrados, línguas, danças, rituais e divindades que moldaram o Candomblé, principalmente nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão.

Mais do que um nome, Minas representa um universo ancestral de força, resistência e espiritualidade.


🌍 Quem são os Povos Minas?

O termo “Minas” foi usado pelos colonizadores para identificar diversos grupos étnicos da África Ocidental. Entre eles, estavam povos falantes de línguas ewe, fon e yorùbá, com tradições espirituais profundas e organizadas em torno de divindades chamadas de voduns, que deram origem aos orixás cultuados no Brasil.


🚢 Da África ao Brasil: Tradição em Trânsito

Durante os séculos XVIII e XIX, milhares de africanos Minas foram traficados para o Brasil. Mesmo em meio à dor da escravidão, conseguiram manter viva sua cultura. Nos quilombos e depois nos terreiros, criaram espaços de preservação e resistência. Suas festas, cantos e toques se tornaram formas de reafirmação da fé e da identidade.

No Maranhão, essas tradições floresceram no Tambor de Mina. Na Bahia, fortaleceram a base do Candomblé. No Rio, fundaram casas de axé históricas.


🔥 Divindades e Rituais dos Povos Minas

Entre as principais divindades trazidas pelos Minas, estão:

  • Mawu/Lisa – princípio dual da criação (feminino e masculino);
  • Heviossô – divindade do trovão, similar a Xangô;
  • Sakpatá – senhor da terra e das doenças, relacionado a Omolu;
  • Dan – a serpente sagrada, símbolo de equilíbrio e movimento, ligado a Oxumarê.

Esses deuses foram incorporados ao panteão afro-brasileiro por meio de sincretismos e adaptações, formando a base do culto a orixás em várias nações do Candomblé.

Os rituais dos Minas incluem:

  • Batuques e toques de tambor que invocam a força espiritual;
  • Ofertas de comida e bebida como meio de comunicação com o sagrado;
  • Transes de incorporação, nos quais os deuses se manifestam nos corpos dos iniciados.

🪘 Música, Dança e Axé: A Linguagem Espiritual dos Minas

A espiritualidade dos Minas é viva, pulsante, e se manifesta por meio da música e da dança. Os tambores falam com os orixás, os pés batem no chão invocando o axé ancestral. Cada toque e canto tem um propósito: cura, agradecimento, proteção, celebração.

Nos terreiros, o som do atabaque e a dança circular criam um espaço-tempo sagrado. Não é só fé — é memória, é reencontro, é afirmação de identidade.


🏠 Quilombos, Terreiros e a Preservação Cultural

A cultura dos Minas sobreviveu por meio da oralidade e da criação de espaços de resistência. Quilombos, terreiros, roças sagradas — todos funcionaram como fortalezas da ancestralidade.

Hoje, projetos de educação, oficinas, festas públicas e o ensino das tradições aos mais jovens mantêm viva essa chama. Em lugares como o Maranhão, o Tambor de Mina é patrimônio imaterial. No Rio e na Bahia, os orixás dos Minas seguem sendo cultuados com respeito e reverência.


✊ Resiliência Frente à Intolerância Religiosa

Mesmo com perseguições, criminalização e racismo religioso, os praticantes do Candomblé de raiz Mina seguem firmes. Com coragem, preservam uma herança que não se curva.

Cada ritual é um ato político. Cada toque é um chamado à liberdade. Cada divindade cultuada é a lembrança de um povo que se recusou a desaparecer.

🎯 Curiosidade sobre os Minas no Brasil

Você sabia que, apesar de serem menos conhecidos que os iorubás ou bantos, os povos Minas influenciaram diretamente o surgimento do Tambor de Mina, uma das formas mais antigas de religiosidade afro-brasileira ainda em prática? Esse culto, presente sobretudo no Maranhão, é marcado por divindades chamadas de voduns, diferente dos orixás e inquices, e possui uma complexa relação com a realeza africana. Há relatos históricos de que algumas casas de Tambor de Mina cultuam figuras ligadas a linhagens nobres da África Ocidental, como o rei Adjahuto de Abomey.


📜 Itan Inspirado: O Tambor que Nunca Silenciou

“Diz-se que um tambor de Mina foi enterrado às pressas durante uma perseguição policial no século XIX. Mesmo coberto de terra, continuou a tocar nos sonhos dos filhos de santo. Quando o recuperaram anos depois, seu som ecoava mais forte que nunca. O axé não se cala.”


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🔗 Para saber mais

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❓ FAQ – Povos Minas e sua influência no Brasil

📌 Quem são os povos Minas?

Os povos Minas são grupos étnicos da África Ocidental, principalmente das regiões que hoje correspondem ao Togo, Benim e Gana. No período da escravidão, esses povos foram trazidos ao Brasil, especialmente para o Maranhão e o Recôncavo Baiano. Aqui, preservaram suas tradições religiosas de culto aos voduns, que influenciaram diretamente a formação do Tambor de Mina e da nação Jeje-Mina no Candomblé.

🌍 A palavra “Minas” tem relação com o estado de Minas Gerais?

Não. A palavra “Minas”, nesse contexto afro-religioso, refere-se ao porto de origem dos africanos escravizados, especialmente a região conhecida como Costa das Minas. Já o estado brasileiro de Minas Gerais recebeu esse nome por causa das minas de ouro e pedras preciosas descobertas durante o período colonial. Portanto, apesar da coincidência, os significados são completamente diferentes.


🛐 Qual a importância dos Minas no Candomblé?

Eles foram essenciais para a formação da nação Jeje no Candomblé brasileiro. Essa vertente cultua os voduns, divindades que representam forças da natureza e ancestrais poderosos. A influência mina também aparece na organização litúrgica dos terreiros, no uso de tambores rituais específicos e em cantigas preservadas no idioma fon ou ewe. Muitos elementos do Tambor de Mina, especialmente no Maranhão, têm raízes diretas nesses povos.


🔁 Os voduns são os mesmos que os orixás?

Não são os mesmos, embora tenham funções semelhantes. Os voduns pertencem à tradição dos povos Mina e são cultuados na nação Jeje do Candomblé. Já os orixás vêm da cultura iorubá e predominam nas nações Ketu e Efon. Ambas as divindades representam forças da natureza, arquétipos humanos e princípios espirituais, mas com nomes, histórias (itans) e formas de culto distintas.


🪘 O que é o Tambor de Mina?

O Tambor de Mina é uma manifestação religiosa afro-brasileira presente principalmente no Maranhão. Ele é um dos legados mais diretos dos povos Minas no Brasil e tem como base o culto aos voduns, além de elementos sincréticos com entidades da Umbanda e do catolicismo popular. O Tambor de Mina se caracteriza pelo uso intenso dos tambores, pelas festas de possessão e pela organização rígida das casas de culto.


📖 Onde posso aprender mais sobre os povos Minas?

Você pode aprofundar seu conhecimento com leituras confiáveis como:

  • Livro: Orixás – Pierre Verger (com foco nas conexões entre África e Brasil)
  • Artigos da Wikipedia sobre o Tambor de Mina e os Povos Mina
  • Documentários e reportagens sobre os terreiros do Maranhão e suas práticas espirituais.

🎓 Os povos Minas influenciaram apenas a religião?

Não. Além da religião, os povos Minas deixaram marcas profundas na língua, música, gastronomia, dança e organização social nas regiões onde se estabeleceram. A herança cultural dos Minas também pode ser vista em expressões populares, nomes de locais, práticas de cura com ervas e festas tradicionais. Seu legado é parte viva da afrodescendência brasileira.


💬 Por que falar sobre os Minas ainda hoje?

Falar sobre os povos Minas é reconhecer que a cultura brasileira foi construída a partir da resistência e da sabedoria dos povos africanos. Valorizar suas histórias é também combater o apagamento histórico, o preconceito religioso e a desinformação. Ao aprender sobre os Minas, reforçamos o respeito à diversidade espiritual, cultural e ancestral que forma a identidade do Brasil.


💬 Conclusão

Os povos Minas deixaram marcas profundas no solo e no espírito do Brasil. Suas divindades, músicas e rituais seguem vivos nos terreiros, nos corpos em transe, nas mãos que cozinham o amalá, nos pés que dançam para o sagrado.

Celebrar os Minas é celebrar a resistência, a beleza e a força de uma África viva no coração do Brasil.

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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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