A Origem do Candomblé: Das Raízes Africanas ao Brasil
setembro 21, 2024 | by Carlos Duarte Junior

O que é o Candomblé e de onde ele vem?
O Candomblé é uma religião de matriz africana que celebra os orixás, voduns e inkices – divindades ligadas à natureza e à ancestralidade. Surgiu da fusão de diferentes tradições religiosas africanas trazidas para o Brasil por povos como os iorubás (nagôs), jejes (fons/ewes) e bantus (angolas e congos). Cada um desses grupos contribuiu com sua língua, seus rituais, seus mitos e sua relação com o sagrado.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Essas culturas não chegaram ao Brasil de forma voluntária. Vieram arrancadas de suas terras por um sistema escravocrata brutal que desumanizou milhões. Mas mesmo nesse cenário de dor, resistiram. E o Candomblé é fruto direto dessa resistência espiritual.
Tradições africanas e as nações iorubá, jeje e bantu
Cada nação africana que chegou ao Brasil trouxe seu modo próprio de se relacionar com o divino. Os iorubás cultuam os orixás, os jejes veneram os voduns, os bantus se conectam com os inkices. No Brasil, essas tradições se encontraram e deram origem a diferentes casas e nações de Candomblé: Ketu, Jeje, Angola, entre outras.
A força dos orixás, voduns e inkices
Cada divindade tem sua história, seu elemento natural, sua cor, seus alimentos, suas oferendas. Elas representam forças da natureza e aspectos do comportamento humano. Cultuar essas entidades é, portanto, viver uma espiritualidade integrada à vida cotidiana, ao corpo e à comunidade.
A travessia forçada e a chegada ao Brasil
Escravidão, dor e resistência
Entre os séculos XVI e XIX, mais de 4 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil como escravizados. Foram desumanizados, privados de sua língua, cultura e religião. Mas muitos mantiveram viva sua fé, mesmo que de forma subterrânea.
O Candomblé nasce da resistência à força colonial. Nas senzalas, nos quilombos e depois nas periferias urbanas, essas tradições se mantiveram, mesmo perseguidas pela Igreja e pelo Estado.
O nascimento dos primeiros terreiros
No século XIX, com o fim legal da escravidão, surgem os primeiros terreiros estruturados. Mulheres negras, muitas libertas ou nascidas livres, fundaram casas como o Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador). Esses espaços tornaram-se centros de preservação cultural, espiritual e política.
Como o Candomblé resistiu ao longo do tempo
Sincretismo, perseguição e invisibilidade
Durante muito tempo, os orixás foram escondidos sob a figura dos santos católicos. Ogum virou São Jorge, Oxum virou Nossa Senhora Aparecida. Isso foi estratégia de sobrevivência. As religiões de matriz africana foram criminalizadas até meados do século XX. Terreiros eram invadidos, atabaques destruídos, sacerdotes presos.
O papel dos terreiros como guardiões da ancestralidade
Mesmo com repressão, os terreiros se mantiveram como espaços de memória, cura e resistência. Ali, a história africana era contada, cantada e dançada. As mulheres negras, em especial, foram fundamentais para manter viva a tradição, a oralidade e o axé.
O Candomblé no Brasil de hoje
Expansão para além dos terreiros
Hoje, o Candomblé está presente em todo o Brasil, com casas em centros urbanos, zonas rurais e até no exterior. Muitos pesquisadores, artistas e lideranças sociais passaram a reconhecer o valor dessa religião, não apenas como fé, mas como parte do patrimônio imaterial brasileiro.
Luta contra o racismo religioso
Mesmo assim, o preconceito persiste. Muitas casas sofrem ataques, filhos de santo são alvos de intolerância. Mas também cresce a resistência: projetos de lei, grupos de estudo, coletivos culturais e o fortalecimento das redes sociais têm ampliado a voz do Candomblé.
Conclusão: Memória, axé e continuidade
Entender a origem do Candomblé é entender que essa religião é feita de memória, corpo, história e luta. Ela atravessa os séculos carregando um legado de sabedoria ancestral que não se curva.
Do continente africano ao Brasil, do cativeiro à liberdade, do silêncio à voz, o Candomblé segue vivo. É herança, é identidade, é caminho.
Leia também: O Candomblé e a Ancestralidade
Fonte recomendada: Geledés – História do Candomblé
Assista também: A Tradição do Axé no Brasil
- Altura total: 43 cm | Largura: 63 cm | Profundidade: 46 cm | Quantidade de lugares: 1 | Com apoio de braços: Não | Estru…
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