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Candomblé Desmistificado

As Origens do Candomblé no Rio de Janeiro: História e Resistência

setembro 27, 2024 | by Carlos Duarte Junior

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O Candomblé, religião ancestral de matriz africana, fincou suas raízes no solo carioca em meio à dor da escravidão e à força da resistência espiritual. Entender as origens do Candomblé no Rio de Janeiro é mais do que olhar para o passado — é reconhecer como a fé de um povo sobreviveu, se adaptou e floresceu mesmo sob repressão, apagamento e violência.

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A trajetória do Candomblé no Rio é marcada por profundas tensões: entre liberdade e perseguição, entre tradição e adaptação. Ainda assim, em cada batida de tambor, em cada folha sagrada, sobrevive a memória de um povo que não se curvou.


Povos africanos e o solo carioca: sementes de espiritualidade

Desde o século XVII, o Rio de Janeiro foi um dos principais portos de entrada de africanos escravizados no Brasil. Muitos desses homens e mulheres vinham das nações iorubá, jeje e bantu, carregando consigo não apenas corpos e saberes, mas rituais, crenças, orixás e ancestralidade.

Embora fossem brutalmente arrancados de suas terras, esses povos recriaram laços de comunidade e espiritualidade no cativeiro, utilizando a música, as folhas, os gestos e o segredo como ferramentas de proteção e conexão com o sagrado.


Espaços sagrados e fé disfarçada

Na cidade do Rio de Janeiro colonial e imperial, a prática do Candomblé acontecia em segredo. Nas senzalas, nas casas das “negras de ganho” ou nos fundos das moradias populares, pequenos altares e terreiros improvisados surgiam como refúgios espirituais.

Esses espaços eram camuflados por festas católicas ou práticas sincréticas, e muitas vezes contavam com o apoio de irmandades religiosas negras como a Irmandade de São Benedito dos Homens Pretos.


A repressão religiosa: silêncio imposto e resistência viva

Ao longo do século XIX e especialmente durante a Primeira República, o Candomblé passou a ser tratado como caso de polícia. A prática religiosa afro-brasileira foi criminalizada sob acusações de curandeirismo, charlatanismo ou perturbação da ordem pública.

A polícia invadia terreiros, confiscava objetos sagrados, agredia mães e pais de santo e desmontava as estruturas litúrgicas. A mídia da época contribuía com caricaturas ofensivas e matérias sensacionalistas.

Foi nesse contexto de perseguição que se consolidou o sincretismo religioso estratégico: os orixás foram associados a santos católicos, os rituais se misturaram a práticas espíritas, e o sagrado continuou resistindo, ainda que disfarçado.

Leia também: Desmistificando os mitos do Candomblé


Mulheres negras: guardiãs da tradição

As mulheres negras desempenharam um papel central nesse processo. Eram elas que, com seus quintais, seus saberes e suas redes, mantinham vivos os rituais. Muitas ficaram conhecidas como “tias” — como Tia Ciata, Tia Bibiana e Tia Veridiana — figuras centrais na história do Candomblé no Rio.

Essas mulheres foram ao mesmo tempo mães de santo, curandeiras, organizadoras de festas e lideranças comunitárias. Com coragem e sabedoria, enfrentaram o racismo institucional e a vigilância estatal, preservando os fundamentos da religião mesmo sob ameaça.

Saiba mais: Pequena África – onde o Candomblé nasceu no Rio


O Candomblé carioca: adaptações e permanência

A repressão moldou também o modo como o Candomblé se expressou na capital fluminense. Surgiu um estilo mais urbano, sincrético e dialogado com outras tradições espirituais como a Umbanda e o espiritismo kardecista. Ainda assim, os fundamentos africanos — o uso das folhas, o respeito aos orixás, os ritos iniciáticos — foram preservados.

Com o tempo, o Candomblé se espalhou para bairros como Madureira, Oswaldo Cruz, Irajá e Duque de Caxias, onde grandes terreiros foram fundados e passaram a atuar com mais visibilidade, especialmente a partir das décadas de 1940 e 1950.


Candomblé hoje: tradição viva em território urbano

Atualmente, o Candomblé segue presente em todos os cantos do Rio de Janeiro. Das casas de axé nos subúrbios às rodas de estudos sobre ancestralidade no centro da cidade, a religião pulsa em resistência.

Mesmo diante de novos ataques — agora sob a forma de intolerância religiosa e racismo estrutural —, o povo de axé continua respondendo com sabedoria, espiritualidade e organização comunitária.

A história do Candomblé no Rio não é só de perseguição, mas de reinvenção constante. É a prova de que o axé atravessa os séculos.

Leia também: O Candomblé e a ancestralidade


📚 Continue sua leitura:

🔗 Pequena África: Onde o Candomblé nasceu no Rio

🔗 Desmistificando os mitos do Candomblé

🔗 Oferendas no Candomblé – fundamentos e sentido

🌐 Referência externa confiável: Geledés – O Candomblé como resistência

  • Ano de publicação: 2009 | Capa do livro: Mole | Número de páginas: 368. | Dimensões: 16cm largura x 23cm altura. | Peso:…
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