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Candomblé Desmistificado

Oxalá e a Criação do Mundo no Candomblé

setembro 25, 2024 | by Carlos Duarte Junior

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Oxalá e a Criação do Mundo: A Lenda do Primeiro Orixá

Antes que houvesse chão, árvores ou gente, existia o Orun: o mundo espiritual, onde habitavam os orixás e os ancestrais. Era um plano de silêncio e luz, onde tudo era energia — o axé em sua forma mais pura. Foi ali que nasceu a missão de Oxalá: criar o mundo físico, o Aiyê, onde a vida se manifestaria em forma e matéria.

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Oxalá não era apenas o mais velho dos orixás. Era também o mais sereno, o mais branco, o mais cheio de sabedoria. Seu axé era o da paz, da paciência e da criação. Quando Olodumarê — o Ser Supremo — decidiu que o mundo deveria existir, chamou Oxalá e lhe confiou a tarefa de moldar a Terra com barro e axé.


O barro da criação e o sopro da vida

Reza a lenda que Oxalá desceu ao Aiyê carregando um saco de ferramentas sagradas e um monte de barro. Com o tempo e o silêncio como aliados, moldou as montanhas, os rios, os animais e os primeiros humanos.

Cada forma feita por Oxalá era moldada com calma, respeitando o ritmo da natureza. Mas havia um segredo: somente Olodumarê poderia soprar a vida nessas criações. Oxalá, então, criou os corpos — e Olodumarê lhes deu alma. Assim nasceu a humanidade: barro e axé, forma e essência, chão e espírito.


A falha, a lição e a humildade

Em algumas versões do mito, conta-se que, no caminho até o Aiyê, Oxalá se perdeu na vaidade. Esqueceu-se de fazer oferendas, não cumpriu os rituais e bebeu vinho de palma. Como punição, chegou atrasado e perdeu o direito de criar sozinho.

Quem terminou a tarefa foi Oduduwa, outro orixá poderoso. Oxalá, então, aprendeu com seu erro e se tornou símbolo de humildade. A partir disso, assumiu o papel de criador da paz, da reconciliação, e de tudo que é feito com calma e intenção verdadeira.


Oxalá no culto e na espiritualidade

Nos terreiros de Candomblé, Oxalá é reverenciado como o pai da criação. Seus filhos são serenos, calmos, por vezes introspectivos. Vestido de branco, com contas brancas e panos simples, Oxalá representa a força que cria sem violência, que guia sem gritar, que transforma sem pressa.

Seu dia da semana é a sexta-feira, e suas comidas preferidas são brancas: arroz, canjica, pipoca, inhame. O branco não é apenas cor — é símbolo de pureza, de paz, de luz ancestral.

Seu espaço no terreiro é respeitado. Suas oferendas são silenciosas. Oxalá não se apressa, não se exalta, não exige: ele ensina pelo exemplo.


A importância da criação como processo sagrado

Relembrar a lenda de Oxalá é relembrar que a criação exige tempo, paciência e fé. Assim como Oxalá moldou o mundo com as mãos sujas de barro e o coração cheio de axé, nós também somos chamados a criar — com amor, com firmeza e com respeito.

Se tudo tem um tempo, um ciclo, uma razão, é porque Oxalá assim estabeleceu. O orixá que criou o mundo também nos ensina a criar nossa própria jornada com equilíbrio e dignidade.

🌿 Axé e barro nas mãos

Oxalá não apenas criou o mundo — ele nos ensinou como habitá-lo com dignidade. Sua lenda é uma lembrança constante de que tudo o que nasce com respeito, intenção e axé tem força para durar. Em tempos de pressa e desatenção, ouvir Oxalá é reaprender a viver com propósito, cuidar do que se constrói e honrar os ciclos da vida. O mundo de hoje ainda precisa do barro de Oxalá: moldado com fé, paciência e amor pela criação.


Leia também:
O que é Axé no Candomblé
Oxalá: Significados e Representações no Candomblé

Instituto Geledés

Instituto Pierre Verger

Museu Afro Brasil

Fonte recomendada:
Centro de Estudos Afro-Brasileiros – UFBA


  • Comprimento: 50 cm | Estilo: umbanda. | Material do pingente: miçanga. | Tipo de pedra: miçanga.
R$ 19,90

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