Representação artística de Erê no Candomblé em xilogravura moderna com fundo rústico e título em destaque.A leveza de Erê como símbolo de pureza e ligação com o divino no Candomblé.

Você já ouviu falar nos Erês do Candomblé? Esses seres encantados, muitas vezes confundidos com espíritos infantis, revelam uma dimensão profunda e simbólica da tradição afro-brasileira. Com alegria, astúcia e leveza, eles servem como mensageiros dos orixás e guardiões de sabedorias que só as crianças conhecem. Neste post, vamos mergulhar no significado deles, suas funções, simbolismos e como são cultuados nos terreiros.


Quem são os Erês?

No Candomblé, eles não são crianças desencarnadas, como se pensa na Umbanda, mas sim manifestações espirituais dos orixás através da energia infantil. Representam a comunicação entre o iniciado e seu orixá, principalmente após o processo de iniciação. Quando o Erê se manifesta, ele traz recados, curas, orientações e também brincadeiras.

eles são tratados com muito carinho, pois falam como crianças — com graça e sabedoria disfarçada. O iniciado, ao incorporar ele, muda o tom de voz, adota trejeitos infantis e muitas vezes se expressa de forma simbólica. É um momento de alegria e também de aprendizado.


A Função deles no Terreiro

Ele surge com mais frequência após a iniciação (o bori), como uma ponte entre o ser humano e seu orixá. Em muitas casas, é através dele que o orixá “se apresenta” pela primeira vez.

Entre as funções principais dele estão:

  • Transmitir mensagens do orixá ao filho de santo
  • Preparar o iniciado psicologicamente para a chegada do orixá
  • Manter a vibração elevada durante as festas e rituais
  • Proteger com sua alegria e pureza o ambiente espiritual

Apesar do tom lúdico, ele é uma força de respeito. Nunca se deve zombar ou desrespeitar um Erê, pois sua energia, embora infantil, é de origem sagrada.


Itan: O Dia em que a Alegria Salvou o Mundo

Conta-se em um antigo itan que os orixás estavam em guerra. O mundo havia perdido a cor. Oxum chorava, Xangô rugia, e até Iemanjá se recolheu. Ninguém mais dançava. Então, Olodumarê enviou pequenos seres encantados que desceram à Terra rindo, pulando e cantando. Eram os Erês. Com suas brincadeiras, eles tocaram o coração dos orixás.

“Erê não briga, não grita, não julga — ele canta. E seu canto quebra até a mais densa das nuvens.”

Desde então, todo terreiro guarda um espaço sagrado para o riso, a doçura e a leveza, pois sabe que sem alegria, até o axé adoece.


Como se Cultua

O culto ele acontece geralmente no pós-iniciação e em festas específicas. As oferendas são doces, brinquedos, flores coloridas e tudo o que remete ao universo infantil. Seu dia da semana pode variar, dependendo do orixá a que está ligado.

Alguns elementos simbólicos:

  • Comidas preferidas: doces, pipoca, cocada, maria-mole
  • Brinquedos: bolas, bonecas, piões, carrinhos
  • Flores: margaridas, rosas claras
  • Cores: tons vivos, conforme a vibração do orixá

É comum que ele se sente em bancos baixos, ande pelo terreiro pedindo doces ou conversando com os mais velhos — sempre em tom infantil, mas com mensagens espirituais poderosas.


Erê e Ibeji: Qual a Diferença?

Muita gente confunde eles com os Ibejis. De fato, ambos estão ligados à energia infantil, mas têm naturezas diferentes:

  • Erê: é a manifestação do orixá em forma infantil. Surge durante a incorporação e tem papel de mensageiro.
  • Ibeji: é um orixá duplo, que representa os gêmeos sagrados. Cultuado com sincretismo em São Cosme e São Damião.

Na prática, eles e os Ibejis compartilham da mesma alegria, mas suas funções no culto são distintas. O Ele é um elo com o orixá do iniciado. O Ibeji é cultuado por todos como protetor da infância e portador da fartura.


Arquétipo e Sabedoria Infantil

A figura dele também ensina sobre o arquétipo da criança interior: leveza, criatividade, espontaneidade. Em um mundo cada vez mais tenso, eles lembram que é possível viver com alegria, mesmo diante dos desafios.

Seus gestos infantis revelam verdades profundas:

  • Que a cura pode vir de um sorriso
  • Que o axé se renova com leveza
  • Que todo orixá dança quando o coração está em festa


❓ FAQ – Quem são eles no Candomblé?

1. O que são eles no Candomblé?
Eles são entidades espirituais que se manifestam com características infantis. Representam a pureza, a alegria e o elo entre os iniciados e os orixás. Não são literalmente “crianças”, mas energias que assumem esse arquétipo.

2. Eles são orixás?
Não. Eles são espíritos que acompanham os filhos de santo e servem como mensageiros dos orixás. Em algumas casas, são chamados de idowu ou ibejis, dependendo da tradição.

3. Todo iniciado incorpora um Erê?
Sim. Durante o processo de iniciação, ele é uma das primeiras manifestações espirituais. Ele ajuda no fortalecimento do ori (cabeça) e na conexão com o orixá principal do iniciado.

4. Eles falam como crianças?
Frequentemente sim. Eles usam linguagem lúdica, rimas, cantigas e falas brincalhonas, mas suas mensagens contêm grande sabedoria espiritual disfarçada de brincadeira.

5. Qual é a função dele nos rituais?
Eles ajudam na comunicação com o orixá, limpam o caminho espiritual e trazem leveza e equilíbrio emocional ao filho de santo. O Erê também pode indicar, com sutileza, desequilíbrios espirituais que precisam ser tratados.


🔍 Você Sabia?

  • Eles costumam pedir doces, brinquedos, guaraná ou frutas — e suas escolhas podem revelar muito sobre o estado emocional ou espiritual do filho de santo.
  • A presença dele forte e bem cuidado é vista como sinal de equilíbrio no axé da casa de santo.
  • Em muitas festas públicas, eles dançam e interagem com os presentes, quebrando tensões espirituais com alegria e leveza.
  • Algumas casas oferecem uma “festa dos Erês” anual, com roupas coloridas, doces e cantigas infantis, para agradecer pela proteção e presença dessas entidades tão queridas.

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✨ Conclusão: O Riso como Cura

Erê não é brincadeira. É ancestralidade disfarçada de criança. É o orixá que chega devagar, calçando chinelos e pedindo doce — mas trazendo um recado firme e um axé profundo.

Quando um Erê fala, é preciso escutar com o coração. Ele ensina que fé também pode ter sabor de bala, cheiro de flor e som de gargalhada. Que espiritualidade não precisa ser sisuda para ser séria. Que a alegria, sim, pode curar.

Se este texto tocou sua alma, deixe um comentário abaixo, compartilhe com quem ama o Candomblé e siga conosco nessa jornada de axé, ancestralidade e conhecimento.

Epa babá! Viva os Erês!

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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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