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Candomblé Desmistificado

🐓 7 Verdades Sobre o Sacrifício de Animais no Candomblé

maio 7, 2025 | by Carlos Duarte Junior

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Sacrifício de Animais no Candomblé: O Que é e Por Que Acontece?

Muito além do que parece

Quando alguém escuta “sacrifício de animais”, geralmente imagina cenas de violência, sangue e algo cruel. Mas no Candomblé, essa prática está longe disso. Ela não é feita por maldade, nem por superstição. É um ato sagrado, carregado de significado espiritual, ancestralidade e conexão com o divino.

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O nome técnico para essa oferenda é êbo orô, e significa uma troca entre o mundo visível e o invisível. Quando um animal é ofertado, ele está entregando seu axé — sua energia vital — para alimentar uma força maior: os orixás, os ancestrais e o próprio equilíbrio do terreiro.

Termos corretos: sacrifício ou oferenda?

Muita gente prefere evitar a palavra “sacrifício”, e tudo bem. Ela carrega peso e preconceito. Mas o importante é entender que, dentro do Candomblé, é uma oferenda com propósito, feita com respeito e cuidado, e não uma prática aleatória ou bárbara.

Entenda o Significado do Sacrifício de Animais no Candomblé?

O axé está no sangue

No Candomblé, o sangue representa o axé, ou seja, a força vital que move o universo. Quando um animal é oferecido, ele está doando essa energia para reequilibrar o axé da pessoa que está em ritual, ou do próprio terreiro.

É uma troca energética, não um fim em si. A carne do animal, inclusive, é compartilhada e comida dentro da comunidade. Nada é desperdiçado.

Cada animal tem um orixá

Assim como existem cores, comidas e ritmos ligados a cada orixá, os animais também seguem essa lógica simbólica. Por exemplo:

  • O galo pode estar ligado a Exu ou Ogum, por seu caráter guerreiro.
  • A galinha d’angola é comum em oferendas para Oxum.
  • O cabrito pode ser destinado a Xangô ou Ogum, dependendo do ritual.

Ou seja, não é qualquer animal, nem de qualquer jeito. Tudo tem um porquê, tudo tem fundamento.

Como é feito o ritual de sacrifício?

Respeito, canto e cuidado

Os animais utilizados são bem cuidados antes do ritual. São alimentados, respeitados e colocados em um espaço calmo. O ato em si é feito por uma pessoa preparada, o zelador ou zeladora de santo, com conhecimento e responsabilidade.

Durante o ritual, há rezas (orô), cânticos (orikis) e um clima de reverência. Não é uma cena de horror, é uma cerimônia. E quando bem feita, não há sofrimento prolongado para o animal.

Nada é jogado fora: a partilha e a comunidade

Após o ritual, a carne é cozida e compartilhada em refeições coletivas, chamadas de comida de santo ou banquete ritual. O que foi ofertado retorna à comunidade em forma de alimento, em clima de união, respeito e agradecimento.

Mitos e equívocos sobre o sacrifício

Não é violência, não é crueldade

Ao contrário do que se pensa, o sacrifício ritual no Candomblé não é um espetáculo, nem um ato de agressividade. É feito com cuidado e silêncio, num espaço protegido, longe de olhares curiosos ou julgadores.

Quem conhece um terreiro sabe: nada ali é feito de qualquer jeito.

Comparações com outras religiões

Outras religiões também praticam ritos com sangue ou simbolismo de morte e renascimento. O vinho da missa, por exemplo, simboliza o sangue de Cristo. Já no Candomblé, o sangue é real, mas está carregado de espiritualidade e ancestralidade.

O problema é o racismo religioso que ainda pesa no olhar de quem julga sem entender.

O que dizem a lei e os direitos religiosos

O STF e a liberdade de culto

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que o sacrifício de animais em cultos religiosos é protegido pela Constituição Brasileira, dentro da liberdade de crença e expressão religiosa.

Ou seja: o que acontece dentro de um terreiro, com fundamentos, respeito e propósito, não é crime. É manifestação de fé. E isso está protegido por lei, assim como missas, batismos ou jejuns em outras tradições.

Decisão do STF sobre liberdade religiosa

O que é permitido e o que é protegido por lei

A legislação brasileira proíbe maus-tratos e crueldade com animais — e com razão. Mas não considera ritos sagrados como maus-tratos, desde que sejam feitos com respeito e seguindo os preceitos tradicionais.

No Candomblé, o animal não é torturado. Não há dor prolongada, nem espetáculo. Há silêncio, cântico, reverência.

Quem confunde isso com violência não conhece a prática real, só repete preconceitos.

A visão espiritual: oferenda como renovação

O sangue como elo entre mundos

Na cosmologia do Candomblé, o sangue é sagrado. Ele une o mundo visível (ayê) ao invisível (orun). É por meio dele que se alimentam os orixás, os eguns (espíritos ancestrais) e as forças que sustentam o axé do terreiro.

Esse axé é como a bateria espiritual do espaço e das pessoas. Quando ele está fraco, é preciso renovar, e uma das formas é com a oferenda animal, feita com ritual, canto, comida e energia vital.

A ancestralidade presente no ato

Quando um animal é ofertado, ele não está sendo descartado — está sendo incorporado a uma rede ancestral. É uma forma de comunhão com os mais velhos, os que vieram antes, os que sustentam a tradição.

É um rito de passagem, de renovação, de realinhamento espiritual.

E se não houver sacrifício? Há alternativas?

O papel das oferendas vegetais e simbólicas

Nem todo rito no Candomblé envolve sacrifício. Muitas oferendas são feitas com:

  • Frutas
  • Grãos
  • Azeite de dendê
  • Cores, tecidos e flores
  • Água de rio, de mar ou de chuva

Tudo isso também carrega axé. E muitos rituais usam somente elementos naturais, sem precisar do sangue.

A ética do axé e a escolha do zelador

A decisão de usar ou não sacrifício não é tomada de forma leviana. Cada zelador ou zeladora sabe o que cada situação espiritual exige. Às vezes, só uma vela resolve. Em outras, um banho de ervas.

Há também casas que trabalham com ritos adaptados ou simbólicos, dependendo da necessidade e da orientação espiritual do momento.

Ou seja: o sacrifício não é obrigatório em tudo. Mas quando acontece, não é crueldade — é fundamento.

Conclusão: Antes de julgar, escute

O Candomblé é uma religião rica, complexa, cheia de beleza, sabedoria e espiritualidade. Mas ainda é muito mal compreendido — especialmente por causa da ignorância e do preconceito.

O sacrifício de animais não é um ato de barbárie, mas um rito ancestral de fé. Ele existe para manter o axé, honrar os orixás, agradecer aos ancestrais e proteger a comunidade. E quando feito com fundamento, é tão sagrado quanto qualquer outro ritual religioso.

Antes de julgar, escute. Antes de repetir o que ouviu por aí, converse com quem vive o Candomblé de verdade. Vai perceber que por trás dos tambores e das oferendas há algo profundo: o desejo de equilíbrio, de cura, de conexão.

Respeite. Aprenda. Desmistifique.

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