Sexta-feira no Candomblé: Cultura, Axé e Beleza Ancestral
setembro 28, 2024 | by Carlos Duarte Junior

No Candomblé, cada dia da semana carrega uma vibração única, regido por orixás e forças espirituais que influenciam rituais, banhos, oferendas e estados emocionais. A sexta-feira no Candomblé é um dos dias mais especiais: um momento de suavidade, introspecção, amor e beleza. É dia de conexão com orixás que regem o sentimento, o equilíbrio, a maternidade e a espiritualidade refinada, como Oxalá, Oxum e Iemanjá.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Enquanto alguns dias são voltados para luta, movimento ou descarrego, a sexta-feira convida ao recolhimento, à elevação espiritual e à gratidão. É dia de vestir branco, purificar pensamentos e oferecer o melhor da alma.
A força espiritual da sexta-feira
A sexta-feira tem uma energia ligada à renovação interior. Em muitos terreiros, esse é o dia de recolhimento litúrgico, silêncio ritual ou preparação para o sábado, que costuma ser reservado às grandes obrigações. Também é o dia ideal para fazer pedidos relacionados ao amor, à harmonia, à saúde emocional e à fertilidade espiritual.
No sincretismo popular, a sexta-feira é associada ao sagrado, por ser dia de culto a Jesus Cristo e Nossa Senhora no catolicismo. No Candomblé, essa conexão é transmutada com beleza: os orixás desse dia representam a essência da paz, da justiça ancestral e do amor profundo.
Orixás que regem a sexta-feira
🌿 Oxalá – A paz que guia o espírito
Oxalá é o orixá da criação, da sabedoria ancestral e da serenidade. Sua vibração é calma, profunda e elevada. Vestido de branco, representa a pureza, o silêncio ritual e o tempo da maturidade.
Na sexta-feira, é comum que muitos iniciados dediquem o dia a rituais de limpeza espiritual com pemba branca, água de arroz ou banhos de folha de algodão, elevando a mente para receber intuições e orientações mais sutis.
💛 Oxum – O amor, a beleza e a maternidade
Oxum, senhora das águas doces, é outro orixá fortemente ligado à sexta-feira. Rege o amor-próprio, a sensualidade sagrada, a fertilidade e o cuidado.
Banhos com alfazema, rosas amarelas, mel e manjericão são comuns nesse dia para atrair doçura, acalmar o coração e fortalecer a autoestima. Oferendas de frutas, perfumes e espelhos são formas de homenagear Oxum e pedir equilíbrio emocional.
🌊 Iemanjá – A mãe das águas e dos caminhos
Iemanjá, rainha do mar e mãe de todos os orixás, também é reverenciada nas sextas-feiras. Sua energia acolhe, protege e purifica. Banhos com água do mar, folhas de levante e alfazema são práticas tradicionais para pedir abertura de caminhos e proteção para a família.
Seja no mar, na beira de um rio ou mesmo dentro de casa, é possível oferecer uma vela branca e flores brancas a Iemanjá, com oração e silêncio.
Rituais e práticas recomendadas
- Banhos de folhas: alfazema, folha de algodão, manjericão, erva-cidreira e rosa branca.
- Defumações suaves: benjoim, lavanda e pau d’alho.
- Oferendas: frutas, doces, flores claras, perfume, velas brancas ou amarelas.
- Vestimenta: roupas brancas, claras ou azul-claro em sinal de pureza e respeito.
- Rezos e orações: voltadas ao equilíbrio, à gratidão e à paz interior.
Mitos e sincretismos populares sobre a sexta-feira
Na tradição popular, a sexta-feira é cercada de simbolismos. Muitos dizem que é dia de não lavar a cabeça, de evitar discussões ou de realizar promessas. No Candomblé, essas lendas têm raízes simbólicas profundas.
Por exemplo, evitar lavar a cabeça tem fundamento espiritual: a cabeça (ori) é sagrada e sensível, especialmente em dias de força espiritual como a sexta-feira. Por isso, os cuidados com ori devem ser intencionais e respeitosos.
Também é comum associar esse dia a energia feminina e ao cuidado espiritual. Não à toa, é um dos dias mais escolhidos para oferendas relacionadas à beleza, à união familiar e à reconciliação.
Como viver a sexta-feira com axé no cotidiano
Mesmo fora de um terreiro, é possível vibrar com o axé da sexta-feira. Algumas sugestões:
- Acenda uma vela branca com uma oração de gratidão
- Tome um banho de ervas calmantes e ofereça a Oxum ou Oxalá
- Coloque flores brancas ou amarelas na água como forma de oferenda
- Escreva pedidos ou agradecimentos e entregue ao mar, a um rio ou ao vento
- Pratique o silêncio interior e escute sua ancestralidade
Conclusão: A sexta-feira como ponte entre o amor e a fé
A sexta-feira no Candomblé é um convite à beleza ritual, à escuta do coração e à conexão com os orixás que representam a paz, o amor e a maternidade universal. É um dia para silenciar o ego e permitir que o axé fale.
Cultuar essa energia no cotidiano é honrar a sabedoria dos ancestrais e permitir que a espiritualidade afro-brasileira continue florescendo — seja no terreiro, na praia, na cozinha ou no silêncio do ori.
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🌐 Referência externa confiável: Fundação Palmares – O Candomblé como patrimônio cultural
- Ano de publicação: 2006 | Capa do livro: Mole | Número de páginas: 88. | Dimensões: 14cm largura x 21cm altura. | Peso: …
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