Ilustração em estilo cordel colorido representando as Tias Baianas, mulheres negras que difundiram o Candomblé no Rio de Janeiro.Tias Baianas: guardiãs do Candomblé e da ancestralidade afro-brasileira no Rio de Janeiro.

Muito antes das escolas de samba, das feijoadas e dos blocos populares ocuparem o centro do Rio de Janeiro, as Tias Baianas já sustentavam a cidade com fé, comida e axé. Eram mulheres negras, vindas da Bahia, que espalharam pela capital imperial os fundamentos do Candomblé, moldando os primeiros terreiros urbanos e mantendo vivas as tradições de seus ancestrais mesmo sob repressão e preconceito.

Elas foram mais que figuras folclóricas: foram líderes espirituais, educadoras informais e guardiãs da ancestralidade. Suas histórias merecem lugar de honra na memória do povo de axé.


Mulheres que vieram da Bahia com o axé na palma das mãos

Com a intensificação da diáspora africana no Brasil, muitas mulheres negras baianas se deslocaram para o Rio de Janeiro após a abolição. Eram ex-escravizadas, quituteiras, parteiras, curandeiras e mães de santo. Chegaram com seus tabuleiros, suas rezas, suas folhas e seus orixás.

Ao se instalarem em regiões como Saúde, Gamboa e Praça Onze — onde nasceu a chamada Pequena África — essas mulheres passaram a atuar como referências comunitárias. Seus quintais viraram terreiros. Suas cozinhas, templos. Suas palavras, bússolas.

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Os quintais como espaço de culto e resistência

Sem direito a templos ou liberdade religiosa, as Tias Baianas abriram suas casas para a espiritualidade. Era nos fundos de suas moradias que o Candomblé acontecia: toques, rezas, banhos, oferendas e iniciações.

Entre elas estavam Tia Ciata, Tia Bibiana, Tia Veridiana e Tia Perciliana — todas referências de firmeza, sabedoria e liderança. Algumas associavam os orixás a santos católicos para escapar da perseguição policial; outras mantinham os ritos com absoluto sigilo. Todas partilhavam a fé como quem reparte pão.

Mesmo diante da repressão da Primeira República, que tratava os cultos africanos como crime, essas mulheres mantiveram aceso o fogo do axé com coragem e estratégia.

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Sabedoria de mulher preta: o coração do terreiro

As Tias Baianas eram muito mais do que líderes religiosas. Eram educadoras informais, conselheiras e gestoras de redes sociais e espirituais. Ajudavam a curar com folhas, preparavam banhos, orientavam meninas e meninos, e organizavam festas que reuniam o bairro inteiro.

Elas falavam com firmeza e sabiam quando calar. Entendiam o tempo das coisas. Protegiam os fundamentos, mas também sabiam transitar entre os mundos — o visível e o invisível, o popular e o sagrado, o religioso e o político.

Com suas saias rodadas, turbantes e colares de contas, encarnavam o axé da terra, da sabedoria ancestral e da força feminina que sustenta e transforma.

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O legado vivo das Tias Baianas

Sem as Tias Baianas, o Candomblé no Rio de Janeiro não teria sobrevivido. Foram elas que abriram caminhos, formaram novas mães de santo, ensinaram os cânticos e resguardaram os segredos. O que se vê hoje nos terreiros da Zona Norte, da Baixada e do subúrbio carioca nasceu com elas, em silêncio, no quintal das suas casas.

Elas não tinham título acadêmico, mas foram mestras da vida, da fé e da resistência. O legado das Tias Baianas pulsa em cada toque de atabaque, em cada prato de comida ritual, em cada palavra dita com axé.


Conclusão: Honrar as Tias é fortalecer a raiz

As Tias Baianas são as raízes vivas do Candomblé no Rio. Mulheres que transformaram o cotidiano em rito, a cozinha em altar, a rua em terreiro. Elas sustentaram uma religião criminalizada com a força do corpo e da alma.

Honrar essas mulheres é reconhecer que o axé tem nome, rosto, história e voz feminina. É lembrar que a espiritualidade afro-brasileira nasceu da sabedoria de mulheres que, mesmo sem liberdade, nunca deixaram de ser livres.


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🙋 FAQ: Perguntas frequentes

🔸 Quem foram as Tias Baianas?
Foram mulheres negras vindas da Bahia que formaram a base espiritual e cultural do Candomblé no Rio de Janeiro, transformando suas casas em espaços sagrados.

🔸 Qual foi a importância de Tia Ciata?
Tia Ciata foi iyalorixá, quituteira e liderança que usou seu quintal para manter viva a fé e ainda ajudou a gestar o samba carioca.

🔸 As Tias Baianas ainda influenciam hoje?
Sim. Sua herança é sentida nos terreiros, nas escolas de samba, na culinária afro-brasileira e na luta por respeito às religiões de matriz africana.


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By Carlos Duarte Junior

Carlos Augusto Ramos Duarte Junior é um explorador apaixonado pela cultura e espiritualidade afro-brasileira. Influenciado pelas mulheres fortes e sábias de sua família, ele busca incessantemente entender e compartilhar o conhecimento sobre o Candomblé. Desde jovem, Carlos foi inspirado por sua mãe, avó, tia e irmã, que despertaram nele uma curiosidade pelas tradições ancestrais do Brasil. Formado em Economia, ele encontrou sua verdadeira paixão na cultura afro-brasileira, mergulhando no estudo do Candomblé. Suas experiências com sua tia sacerdotisa e sua irmã pesquisadora aprofundaram sua conexão com a espiritualidade do Candomblé. Carlos visitou terreiros, participou de cerimônias sagradas e estudou a história e mitologia desta religião. Ele compartilha seu conhecimento através do livro “Candomblé Desmistificado: Guia para Curiosos”, buscando quebrar estereótipos e oferecer uma visão autêntica desta tradição espiritual. Carlos é um defensor da diversidade e do respeito às religiões de matriz africana, equilibrando sua vida entre a escrita, a família e a busca contínua pelo conhecimento. Com seu livro, Carlos convida os leitores a uma jornada pelos mistérios e belezas do Candomblé.

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