O Candomblé, como conhecemos no Brasil, carrega em seu coração a força ancestral dos povos iorubás. Mais do que uma herança cultural, é uma resistência viva, espiritual e cotidiana. Mas afinal, quem são os iorubás e por que sua influência é tão marcante dentro das religiões afro-brasileiras?
Quem são os iorubás?
Os iorubás são um grupo étnico-linguístico originário da região que hoje abrange partes da Nigéria, Benim e Togo. Falantes do idioma yorùbá, desenvolveram uma das civilizações mais complexas e estruturadas do continente africano, com reinos como Ifé, Oyó e Ketu. Esses povos são guardiões de uma espiritualidade ancestral baseada na crença em Òrìsàs (orixás), divindades que personificam forças da natureza e aspectos humanos.
Para saber mais sobre a história da Nigéria e dos iorubás, vale visitar o artigo da Wikipedia sobre o povo iorubá.
Da África ao Brasil: a travessia forçada
Durante o período da escravidão, milhões de africanos foram sequestrados e trazidos à força para o Brasil. Entre eles, muitos iorubás – que os portugueses chamavam de “nagôs”. Apesar da violência da diáspora, esses povos trouxeram consigo suas crenças, idiomas e modos de vida. E é justamente aí que nasce a semente do Candomblé.
Nos portos da Bahia e do Rio de Janeiro, os iorubás foram responsáveis pela organização dos primeiros terreiros, transmitindo seus saberes de forma oral, através de cantigas, danças, rezas e rituais. Eles resistiram, adaptaram e reinventaram sua fé, mesmo em meio à repressão brutal.
A influência iorubá no Candomblé
O Candomblé de nação Ketu – uma das vertentes mais praticadas no Brasil – tem origem diretamente ligada aos iorubás. Nele, os Òrìsàs cultuados são os mesmos da tradição africana, como Xangô, Oxum, Iemanjá, Ogum, Oxóssi e Obatalá. Cada um com seus cânticos, mitos (os itans), oferendas e qualidades.
O idioma yorùbá também permanece vivo nos cânticos litúrgicos, preservando palavras, frases e expressões que resistem ao tempo e à opressão. Os rituais seguem preceitos de organização, hierarquia e iniciação que refletem a estrutura dos antigos reinos africanos.
Se você deseja aprofundar esse tema, recomendamos a leitura do artigo Religião Iorubá e sua relação com o Candomblé no site Brasil Escola.
Mais do que religião: um modo de viver
A tradição iorubá não é apenas um sistema religioso. É também uma filosofia, um modo de enxergar o mundo e as relações. Nela, os Òrìsàs são arquétipos que dialogam com emoções humanas. Ogum é aquele que enfrenta, que abre caminhos. Oxum é o amor, mas também o poder. Xangô representa a justiça, o equilíbrio.
Essa visão de mundo está presente nos ritos de passagem, nos banhos de ervas, nas comidas sagradas e nos toques de atabaque. Cada gesto tem um fundamento, um axé. E tudo isso foi trazido e mantido pelos iorubás.
O legado vivo nos terreiros
Os terreiros de Candomblé espalhados pelo Brasil são, hoje, herdeiros diretos dessa sabedoria ancestral. Muitos mantêm vínculos espirituais com templos africanos, praticam iniciações com fundamentos iorubás e ensinam os mais jovens sobre a importância de respeitar os Òrìsàs e a natureza.
No Rio de Janeiro, por exemplo, as casas de axé da Pequena África ainda ecoam os cânticos em iorubá. Em Salvador, o Ilê Axé Opô Afonjá é um dos exemplos mais vivos desse legado.
Leia também: A História dos Candomblés do Rio de Janeiro
Candomblé não é “macumba”
Muita gente ainda associa o Candomblé a coisas negativas, fruto da ignorância e do racismo religioso. Por isso, é tão importante desmistificar. Entender a presença iorubá é também entender que a espiritualidade afro-brasileira é uma filosofia de vida, uma herança que carrega cura, força e conexão com a ancestralidade.
A luta contra o apagamento
A história dos iorubás no Brasil é também uma história de resistência contra o apagamento cultural. Durante séculos, praticar Candomblé era crime. Terreiros eram invadidos. Mães e pais de santo eram presos. Ainda hoje, o preconceito persiste.
Mas a força ancestral continua viva. Os Òrìsàs continuam sendo cultuados. As línguas continuam sendo faladas. A luta pela liberdade religiosa continua.
🌍 Curiosidades sobre os Iorubás
Você sabia que a civilização iorubá foi uma das primeiras da África a desenvolver um sistema urbano altamente organizado? Cidades como Ifé e Oyó já tinham palácios, mercados e sistemas de justiça há séculos. Os iorubás também criaram um dos sistemas de adivinhação mais complexos do mundo: o Ifá, baseado no jogo de búzios e nos ensinamentos de Orunmilá, o orixá do destino. Além disso, sua arte é reconhecida mundialmente, com esculturas em bronze e terracota que impressionam pela sofisticação. No Brasil, heranças iorubás se manifestam no vocabulário cotidiano (como a palavra “axé”), na culinária (acarajé, amalá), nas músicas e nos ritmos que influenciaram o samba e o afoxé. Uma cultura viva, presente e cheia de sabedoria!
Indicação de Leitura
Para quem deseja mergulhar de vez na história dos iorubás e sua relação com os orixás, uma leitura essencial é:
📘 Orixás: Pierre Fatumbi Verger
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Verger percorreu diversos países africanos e documentou rituais, tradições e mitologias iorubás. Um livro profundo e respeitoso, ideal para iniciantes e estudiosos.
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🔗 Parágrafo com links externos:
Os iorubás são um dos grupos étnicos mais influentes da África Ocidental, e sua história está diretamente ligada à formação do Candomblé no Brasil. De acordo com a Wikipedia, os iorubás habitam principalmente a Nigéria, mas também estão presentes no Benim e em Togo, com uma cultura riquíssima em mitologia, arte, religião e organização social. Já o Wikimedia Commons reúne uma série de imagens e documentos históricos que ajudam a visualizar a importância desse povo para o mundo, especialmente na diáspora afro-brasileira.
❓ FAQ – Perguntas Frequentes sobre os Iorubás no Candomblé
1. Quem são os iorubás?
Os iorubás são um povo africano originário da região que hoje compreende Nigéria, Benim e Togo. Possuem uma rica tradição religiosa e cultural que deu origem à base espiritual do Candomblé.
2. Qual é a relação dos iorubás com o Candomblé?
A maioria dos orixás cultuados no Candomblé tem origem iorubá, especialmente na nação Ketu. Os rituais, mitos (itans), cantos e hierarquias são heranças diretas dessa cultura.
3. O idioma yorùbá ainda é usado nos terreiros?
Sim. Muitas rezas e cânticos são entoados em yorùbá, preservando uma língua ancestral como forma de resistência e conexão espiritual.
4. Todos os praticantes do Candomblé são de origem iorubá?
Não. O Candomblé é plural e abriga outras matrizes, como jeje (daomeana) e bantu (congolesa/angolana). Mas a tradição iorubá é a mais influente e difundida no Brasil.
5. Onde posso aprender mais sobre os iorubás e os orixás?
Livros como Orixás de Pierre Verger, artigos da Wikipedia, conteúdos do Candomblé Desmistificado e documentários são boas fontes de pesquisa.
Conclusão:
Falar dos iorubás é falar das raízes mais profundas do Candomblé. É reconhecer que muito do que é vivido hoje nos terreiros nasceu nas aldeias africanas, nos toques, nas folhas, nos cânticos. E que essa herança não pode ser esquecida. Que ela siga viva — em cada xirê, em cada palavra, em cada axé compartilhado.
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