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Candomblé Desmistificado

Candomblé no Rio: Repressão e Resistência Histórica

setembro 28, 2024 | by Carlos Duarte Junior

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O candomblé no Rio é mais do que uma religião — é uma história de resistência cultural, espiritual e política. Desde o século XIX, essa fé ancestral tem enfrentado repressão, criminalização e preconceito, mas também encontrou formas de florescer e se reinventar nos becos, morros e terreiros da cidade.

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A repressão foi real e brutal, mas a resposta sempre veio em forma de axé. Cada toque de tambor, cada folha sagrada, cada reza entoada é parte de uma luta silenciosa por dignidade, respeito e permanência.


As origens do candomblé no Rio de Janeiro

O candomblé chegou ao Rio de Janeiro com força a partir do século XIX, especialmente com a migração de mulheres negras baianas — conhecidas como Tias Baianas. Essas mulheres trouxeram os fundamentos do culto aos orixás e fundaram os primeiros terreiros da cidade, principalmente nos bairros da Saúde, Gamboa e Praça Onze.

Tia Ciata, Tia Veridiana, Tia Bibiana e outras lideranças femininas transformaram suas casas em espaços de culto, acolhimento e resistência. Esses terreiros urbanos foram berço de tradições religiosas, mas também de manifestações culturais como o samba e o carnaval.


A repressão ao candomblé no Rio

Durante a Primeira República, o candomblé no Rio foi alvo constante da polícia e da mídia. Rituais eram considerados feitiçaria, e os terreiros eram invadidos sob a justificativa de “práticas ilegais”. Instrumentos eram quebrados, objetos sagrados apreendidos e mães e pais de santo detidos.

Documentos do Arquivo da Polícia do Rio de Janeiro registram mais de 200 ocorrências de repressão a terreiros entre 1900 e 1940. A intolerância religiosa estava institucionalizada, e o Estado brasileiro promovia o apagamento sistemático das religiões de matriz africana.


A resistência nos terreiros e nas ruas

Mesmo diante da perseguição, o candomblé no Rio encontrou formas de sobreviver. Os terreiros migraram para a periferia, para os subúrbios e para a Baixada Fluminense, onde continuaram a preservar seus fundamentos.

Festas sincretizadas, como os cortejos de Nossa Senhora da Glória (Iemanjá) e Nossa Senhora da Conceição (Oxum), ajudaram a manter os rituais vivos. Em muitas comunidades, o respeito aos orixás se manteve no segredo das casas, nos quintais e nos terreiros camuflados de festividades populares.


A força da cultura afro-brasileira

O candomblé no Rio também se fortaleceu por meio da cultura. O samba de roda, a culinária de axé, os afoxés e as escolas de samba foram espaços onde a fé e a arte caminharam juntas.

Artistas como Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Clara Nunes e Martinho da Vila levaram os símbolos do candomblé para os palcos, rádios e discos. Com eles, o orixá passou a ser cantado e respeitado por públicos diversos, mesmo que ainda incompreendido por muitos.


Candomblé no Rio hoje: desafios e continuidade

Apesar do reconhecimento cultural e dos avanços legais, o candomblé no Rio continua enfrentando ataques. Terreiros são depredados, líderes religiosos sofrem ameaças e muitas casas operam na invisibilidade para evitar represálias.

Entretanto, há também resistência organizada: redes de proteção aos terreiros, movimentos de combate à intolerância religiosa, valorização da cultura afro nas escolas e políticas públicas de promoção da liberdade de culto.

Cada ebó feito, cada tambor tocado e cada filho de santo iniciado é um ato de continuidade e resistência frente à intolerância e ao esquecimento.


Conclusão: a força do axé resiste no Rio

O candomblé no Rio é símbolo de uma luta histórica que ainda pulsa. Resistir não é apenas existir — é preservar a memória, cultivar o axé e afirmar com orgulho a identidade afro-brasileira.

Em cada terreiro, em cada roda de samba e em cada oferenda lançada ao mar, os orixás caminham com o povo. Honrar essa história é também garantir que o axé siga vivo para as próximas gerações.


📚 Continue sua leitura:

🔗 Tias Baianas: como mulheres negras fundaram os primeiros terreiros no Rio

🔗 Tia Ciata e o nascimento do samba no Candomblé

🔗 Pequena África: Onde o Candomblé nasceu no Rio

🌐 Referência externa confiável: Fundação Cultural Palmares – Liberdade Religiosa

  • Ano de publicação: 2007 | Capa do livro: Mole | Número de páginas: 232. | Dimensões: 14cm largura x 21cm altura. | Peso:…
38.90 BRL

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